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Além de Paula Fernandes, mais oito homossexuais foram assassinados com requintes de crueldade em Parintins nos últimos 15 anos
A Associação de Gays, Lésbicas e Travestis de Parintins – AGLTPIN, pede justiça para o caso do homossexual Luís Eduardo Ferreira dos Santos, que era conhecido como Diana e Paula Fernandes. O travesti foi assassinado com 13 facadas na madrugada do dia 20 de janeiro de 2017 na Praça Memorial José Esteves, popularmente chamada de praça da onça.
O suspeito do crime, Francinaldo Ferreira Rocha, 31, está respondendo pelo homicídio em liberdade provisória, de acordo com a delegada Alessandra Trigueiro. Ele foi preso no dia 22 de março de 2017, no bairro Paulo Correa, zona sul da cidade, mas passou pouco tempo na cadeia. A polícia conseguiu identificá-lo após coletar imagens das câmeras de vigilância de uma drogaria próxima ao local onde ocorreu o assassinato.
“Na data do crime ainda não era delegada do município, o caso já está na Justiça e foi investigado pelo delegado Bruno Fraga, que hoje atua em Manaus”, informou a delegada.
Segundo o presidente da AGLTPIN, Fernando Moraes, Francinaldo é um sujeito de alta periculosidade e continua ameaçando homossexuais. “Família e amigos choram a perda da “Paula Fernandes”, mas o marginal que a matou está rindo da cara da sociedade, porque sabe que até o momento o caso está impune. Que país é esse!?”, desabafa Moraes. Ele ressalta que a motivação do crime teria sido homofobia.
História documentada
O jornalista parintinense Gabriel Ferreira, que trabalha no Jornal A Crítica, em Manaus, fez em 2017 uma revista digital em quadrinhos sobre a vida da vítima. “Além de ser travesti, ela morava na rua e isso chamava atenção. As pessoas conheciam “Paula Fernandes”, gostavam do jeito irreverente dela, mas não sabiam quem era ela, seu nome verdadeiro e de onde veio”, relata Gabriel.
Clique no link abaixo e saiba mais sobre o trabalho feito pelo jornalista.
Crimes Bárbaros
Nos últimos 15 anos nove homossexuais foram assassinados com requintes de crueldade em Parintins. Fernando Moraes revela que desse total apenas um assassino está preso e em quatros casos ainda não se sabe até hoje quem matou.
“Nós da associação e os familiares das vítimas vamos lutar até o fim por justiça, ninguém pode matar o outro porque não aceita a opção sexual da pessoa. Esses crimes bárbaros não podem ficar impunes”, declara Fernando.
A AGLTPIN entregou ao PARINTINS PRESS a lista dos homossexuais assassinados em Parintins desde 2004. Confira abaixo:
MIGUEL DE SOUZA, encontrado morto em junho de 2004, com golpes na cabeça, e até hoje não descobriram o assassino.
CAIO DAGNAISER (Professor de educação Física),encontrado morto no banheiro de sua residência no dia 18/02/05,com mais de 50 facadas pelo corpo. O assassino confessou o crime, disse que cometeu o homicídio porque a vítima queria manter relação sexual com ele
LÚCIO ALMEIDA (Cabeleireiro),encontrado morto enforcado na residência de sua mãe na comunidade de vila Amazônia. Até hoje o assassino não foi identificado
ALUÍSIO DE JESUS (Cozinheiro), morreu na residência dele com várias facadas no dia 29/07/08. Foi encontrado com o suspeito documentos pessoais e cartões de créditos da vítima.
JOSUÉ MATOS ROJAS (Autônomo),encontrado morto no quarto dele no dia 10/05/2009, com mais de 50 perfurações pelo corpo, olhos e pernas perfurados com chave de fendas e seu óculos encontrado enfiado dentro de um dos seus testículos. O assassino alega que Josué não pagou cinco reais que devia a ele
FÁBIO AMAZONAS, conhecida como FABINHA (Travesti),encontrado com várias machadadas na cabeça, no dia 26/07/2009. O irmão dele viciado em drogas queria dinheiro, como Fábio não tinha, ele o matou.
OMAR FARIAS (Cantor),encontrado morto em sua residência no dia 01 de setembro de 2010, estrangulado com uma toalha e mais 27 facadas em todo o corpo. Até hoje a polícia não deu descobriu o autor do assassinato
MARIVALDO JORGE DA SILVA CARNEIRO, travesti conhecido como “Flor”, foi encontrada morta no dia 30 de outubro em um terreno baldio em estado de decomposição. Até não houve resposta para o caso.
LUÍS EDUARDO FERREIRA DOS SANTOS, conhecido como “Paula Fernandes”, foi encontrado no dia 20/01/2017 por populares jogado atrás da escultura de uma onça em uma praça localizada na esquina da Rua Paraíba com a Rio Branco. De acordo com testemunhas o assassino, ainda sentou-se em um bar das proximidades da praça, tomou uma cerveja, fumou um cigarro e só foi embora do local, depois que gritou para quem estava presente, que tinha acabado de matar Paulinha Fernandes.