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Os crimes ambientais revoltam os moradores, pois o alimento está cada vez mais escasso para as centenas de famílias que dependem do lago
O Lago Zé Açú, zona rural de Parintins (município distante 369 km de Manaus), está cada vez mais comprometido, segundo ribeirinhos de comunidades da região. O local conhecido por suas belezas naturais, além de enfrentar problemas de acumulo de lixo, jogado principalmente por visitantes e donos de embarcações, é alvo frequente de pessoas que praticam pesca predatória.
De acordo com a comunitária Francisca Barbosa, 73, quando chega essa época do ano os arrastões aumentam.
“Quando vamos chamar a atenção desses homens, sem consciência e amor a natureza, eles nos ameaçam com terçado e até espingarda. A gente sem arma não pode fazer nada, por isso pedimos uma forte operação dos órgãos ambientais e das polícias para acabar ou pelo menos amenizar com essa prática criminosa”, declara a ribeirinha.
A situação também revolta o pescador Onezinho Muniz, que vive na comunidade Nossa Senhora de Nazaré, pois o alimento está cada vez mais escasso para as centenas de famílias que dependem do lago.
“Já não bastava eles pescarem de dia, agora já pescam principalmente a noite, horário em que o tucunaré (peixe comum na região) dorme no toco das ramas e são capturado com mais facilidade com os grandes arrastões de arreios, além da pesca com arpão mecânico. A espécie está se acabando aos poucos, porque o tucunaré e o cará não são peixes migratórios, ficam o tempo todo no lago”, disse indignado Onezinho.
De acordo com o chefe da unidade do Ibama em Parintins, Messias Cursino, o órgão ambiental já recebeu dezenas de denúncias dos moradores e tenta identificar os criminosos. Ele ressalta que, agentes do Ibama promovem reuniões nas comunidades para conscientizar a população.
Poluição
No lago há várias especies de quelônios, porém muitos desses animais estão morrendo com o lixo despejado nas águas do Zé Açu.
“Eles acabam vindo a óbito por ingestão de plásticos, em função do comprometimento principalmente das vias respiratórias deles”, relata Messias Cursino, que também é biólogo.
Segundo Onezinho Muniz, nos fins de semanas, as praias das comunidades do Zé Açu recebem bastante visitantes e muitos deles não respeitam a natureza. Copos descartáveis, fraldas, latinhas, garrafas de vidro, são os materiais mais jogados na areia e no lago.
“Todo esse lixo vai acumulado. Praticamente a metade das nascentes do Zé Açú já morreu”, revela Muniz.
O problema se agravou nos últimos anos e moradores desenvolvem um projeto de preservação dos animais aquáticos para evitar que eles desapareçam da região. Dona Francisca Barbosa, espera que no futuro os netos e bisnetos dela possam desfrutar do que hoje a ganância e a falta de respeito estão destruindo.