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24 de outubro de 2024A assinatura das portarias declaratórias que definem os limites das terras indígenas Guarani em São Paulo, realizada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, traz repercussões significativas nos âmbitos jurídico e político. Abaixo, seguem dois aspectos positivos e dois negativos, corroborados sob a luz dos direitos indígenas no Brasil.
ASPECTOS POSITIVOS
Reforço dos Direitos Constitucionais – A demarcação de terras indígenas respeita o artigo 231 da Constituição Federal , que consagra o reconhecimento dos direitos originários dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Esta medida representa uma conquista jurídica, na medida em que consolida a proteção dessas terras contra visíveis, como invasões e exploração predatória. Politicamente, o governo Lula reafirma seu compromisso com a agenda de demarcação de terras, que tem sido um eixo central de suas políticas em defesa dos povos originários.
Segurança Jurídica e Redução de Conflitos – Ao delimitar formalmente as terras indígenas, as portarias promovem a redução de disputas territoriais, que historicamente envolvem comunidades indígenas, propriedades rurais e o agronegócio. O estabelecimento de limites claros proporciona maior segurança jurídica tanto para as comunidades indígenas quanto para aqueles que ocupam áreas próximas, prevenindo conflitos e promovendo uma convivência pacífica.
ASPECTOS NEGATIVOS
Oposição Político-Econômica – Politicamente, as demarcações enfrentam forte resistência de setores do agronegócio e membros do Congresso que defendem a tese do marco temporal , que limitam as reivindicações indígenas às terras que ocupavam antes da Constituição de 1988. Esses setores argumentam que a ampliação das terras indígenas pode prejudicar a expansão agrícola e impactar os níveis de economia regional. Esse cenário pode resultar em atrasos e novos debates políticos, dificultando a implementação das demarcações.
Riscos de Atrasos na Homologação – Apesar das portarias serem um avanço, o processo de demarcação ainda depende da homologação final pelo governo federal, o que pode ser postergado devido a questões burocráticas ou até contestadas judicialmente. Grupos contrários às demarcações podem mover ações judiciais, alegando irregularidades ou invocando o marco temporal, o que pode atrasar o pleno reconhecimento e a posse das terras pelas comunidades indígenas.
Considerações sobre Possíveis Acordos – No contexto das demarcações, é possível que haja tentativas de negociação entre o governo e setores do agronegócio para minimizar os conflitos territoriais, incluindo a discussão de compensações econômicas para proprietários que adquiriram terras de boa-fé. Além disso, acordos entre os Ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas podem ser articulados para acelerar a homologação das terras e garantir a proteção jurídica e social das comunidades indígenas durante esse processo de transição.
Essa abordagem equilibra a urgência da demarcação com a necessidade de manter um diálogo com os setores afetados, buscando uma solução justa e eficiente para todos os envolvidos.
Clique no link a seguir e saiba mais sobre o assunto: Lewandowski assina portarias de demarcação de mais sete terras indígenas
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Por Jafé Sateré – Liderança Tradicional da Nação Sateré-Mawé, jurista indígena, mestrando em Teoria e História do Direito, com ênfase em Direito Indígena no Programa de Pós-Graduação em Direito na Universidade Federal de Santa Catarina – PPGD/UFSC.