Por Evair Lopes
Em Parintins, no Amazonas, a sucessiva queda nos preços das refinarias esbarra em uma realidade local de custos persistentemente altos nos postos, levantando questionamentos sobre quem de fato se beneficia dos cortes.
A Petrobras anunciou nesta terça-feira (21) sua segunda redução no preço da gasolina para distribuidoras em 2025. Com uma queda de 4,9%, o litro do combustível tipo A passou de R$ 2,85 para R$ 2,71 nas refinarias. No acumulado do ano, a baixa já chega a 10,3%, um alívio significativo nos custos de aquisição. No entanto, para o consumidor final em diversas regiões do país, essa notícia nem sempre se converte em um abastecimento mais barato, e a cidade de Parintins, no interior do Amazonas, é um exemplo emblemático desse descompasso.
Enquanto o país comemora a tendência de baixa, os postos de Parintins se mantêm como um caso à parte, figurando frequentemente no topo dos rankings nacionais de preços elevados. A pergunta que fica é: por que a redução consecutiva nas refinarias não consegue derrubar os valores nas bombas da ilha?
A explicação reside nos chamados “custos locais”. O preço final do litro da gasolina é uma equação complexa que soma o valor de compra da distribuidora, tributos federais e estaduais (como o ICMS), custos de transporte — que no caso de Parintins envolvem complicada logística fluvial —, margem de lucro das distribuidoras e, por fim, a margem do dono do posto. É nessa última ponta que o problema em Parintins parece se agravar.
A situação chamou a atenção de autoridades locais. Uma ação conjunta entre vereadores, o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e o Procon-AM foi deflagrada para investigar se os postos da cidade estão, de fato, repassando as reduções de custo que recebem. A operação investiga se os postos estão combinando preços entre si, formando um cartel, ou se estão simplesmente abusando na margem de lucro.
A população, que acompanha as notícias nacionais sobre a gasolina mais barata, sente na prática a frustração de não ver o reflexo disso no dia a dia. O caso de Parintins escancara uma falha na cadeia de repasse que prejudica diretamente o poder de compra do cidadão.
Diante de mais um anúncio de redução pela Petrobras, a esperança se renova. Mas a história recente levanta uma dúvida crucial: será que Parintins vai ter o combustível reduzido dessa vez? O futuro do bolso do parintinense depende diretamente da capacidade dessas investigações quebrarem as barreiras que impedem o preço justo de chegar até aqui.


