Violência Contra a Mulher: essa Trend vai até quando?

Nos últimos dias, o Brasil tem sido palco de uma série de ataques brutais contra mulheres, casos que escancaram a persistência de uma cultura de violência machista e impunidade. O mais recente e chocante episódio — o da jovem agredida pelo namorado com 61 socos em Natal (RN) — não é um fato isolado, mas sim mais um capítulo de uma realidade que insiste em se repetir.

A brutalidade do crime, registrado em vídeo, revela não apenas a crueldade do agressor, mas também a naturalização da violência doméstica em nossa sociedade. Quantos casos semelhantes ocorrem diariamente, sem câmeras para registrar, sem manchetes para denunciar? A cada dois minutos, uma mulher é vítima de agressão física no Brasil, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. E, muitas vezes, esses ataques terminam em feminicídio, quando já é tarde demais para agir.

A Lei Maria da Penha, conquista fundamental na luta pelos direitos das mulheres, ainda esbarra na morosidade da Justiça, na falta de estrutura de proteção e, principalmente, na mentalidade que ainda culpa as vítimas e minimiza a gravidade da agressão. Não basta condenar os casos que viralizam; é preciso garantir que todas as mulheres tenham acesso a redes de apoio eficazes e que os agressores sejam punidos com a severidade que a lei prevê.

Além disso, é urgente combater a raiz do problema: a educação machista que normaliza o controle, a posse e a violência contra a mulher. A construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária começa na infância, com a educação que rompe os grilhões dos papéis de gênero. Meninos devem aprender que afeto não se mede por controle, e meninas precisam entender que amor não se confunde com submissão. É preciso ensinar a ambos, desde cedo, que respeito não é opcional – é o alicerce de qualquer relação.

O caso dos 61 socos não pode cair no esquecimento como mero sensacionalismo midiático. Ele deve servir como um alerta para que a sociedade, o poder público e o sistema judiciário atuem de forma incisiva. Basta de tolerância com a violência. Basta de impunidade. Nenhuma mulher deve viver com medo de quem diz amá-la.

Chega de feminicídio. Chega de silêncio das autoridades. A violência contra mulher exige  combate diário.

por Evair Lopes | @evairlrd

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