Geraldo Sávio da Silva: um ano de falecimento da primeira vítima da covid-19 no AM

Apaixonado pela vida, alegre e brincalhão, viveu intensamente! O Sávio comerciante, rei das dancinhas nas pescarias e defensor dos tucunarés.
Muito jovem aprendeu a se virar na vida, com um tino forte para o comércio, tomou para si a responsabilidade em ajudar sua mãe na criação de seus 8 irmãos.
Natural de Oriximiná- PA, há 20 anos adotou Parintins como sua terra, viu por aqui oportunidades de prosperar no ramo do comércio, vendeu livros por muitos anos e atualmente atuava no ramo de óticas.
Exigente com seus projetos, detalhista, gostava das coisas do jeitinho dele, participava de tudo, desde a idealização até a concretização.
Um vendedor de mão cheia, a única atividade que lhe afastava dos negócios, era a pesca, sua grande paixão, na modalidade esportiva: uma prática de lazer muito respeitosa que consiste em pescar e devolver o peixe com vida para o rio.
A descontração e a alegria, marcaram as pescarias com os amigos, mas uma coisa em especial marcou esses encontros: as dancinhas do Sávio, toda vez que pegava um peixe fazia uma dancinha para comemorar, não foi atoa que recebeu o título de astro das dancinhas. As dancinhas do Sávio chegaram a viralizar entre os amigos que faziam vídeos e memes das suas histórias de humor.
A paixão pela pesca o impulsionou a ser o grande idealizador do primeiro torneio de Pesca Esportiva do município de Parintins, denominado “Pesque e Solte”. Como presidente do grupo APEPIN (Amigos da Pesca Esportiva em Parintins) incentivou a prática esportiva por essas bandas, defendeu bravamente a preservação das espécies, especialmente o tucunaré.
Em suas viagens de pescaria, fazia questão de trocar experiências com os ribeirinhos, falava sobre a importância do manejo do pescado e a preservação dos rios e lagos. A pesca esportiva significou para ele não apenas uma paixão, mas uma bandeira de luta também.
Torcedor do Corinthians e sócio de carteirinha do Boi Bumbá Caprichoso, não perdia um evento do boi e o Festival Folclórico de Parintins era a época do ano mais esperada por ele. A casa lotada de visitantes, era sua maior alegria, um anfitrião dos bons quando se tratava de agradar os amigos.
Frequentador ilustre da “Calçada da Fama” bar tradicional de Parintins, “não sou de ferro” dizia ele ao marcar presença todos os sábados no reduto de amigos.
Os domingos eram sagrados com a família na comunidade do Zé Açú, onde possuía um terreno, que ele adotou como sua segunda casa, lugar que ele amava cuidar, plantar, descansar, dizia que o sonho dele era passar a velhice alí.
Um pai apaixonado por suas filhas, muito presente na criação, fazia o possível e o impossível pelo bem estar das duas. Um excelente padrasto muito querido pelos enteados.
Dia 28/03/2020 ele completaria 50 anos, já estava tudo programado, até a Banda que iria tocar já tinha sido contratada desde Janeiro (coisas de Sávio). Um bom churrasco com os amigos, a cervejinha gelada era tudo que ele queria. Mas esse churrasco não aconteceu, Sávio partiu 4 dias antes do seu aniversário vítima da Covid 19.
Foram 11 dias de uma luta difícil, a incerteza, o medo e o sentimento de impotência. As dúvidas que ficaram sem respostas.
Ele lutou bravamente e no dia 24/03/2020 Sávio partiu com o próximo torneio de pesca programado, deixando uma enorme lacuna na vida de todos que tiveram o privilégio de compartilhar sua alegria de viver.
Uma parte das cinzas de Sávio foi destinada para sua terra natal, Oriximiná, e outra parte ficou em Parintins, cidade que ele escolheu para viver. Neste dia 24/03/21, quando completa um ano de sua morte, familiares e amigos irão se reunir para homenagear Sávio no balneário Canta Galo, local onde foi realizado o primeiro torneio de pesca idealizado por ele. As cinzas do corpo de Sávio descansarão nas águas do Cantagalo e do lago do Zé Açú, dois locais que ele tanto apreciava e gostava de estar.
“Perdi um grande amor e um companheiro de vida” !!!
Homenagem por Tatyana Vieira companheira de vida de Geraldo Sávio (primeira vítima da Covid19 em Parintins e no Amazonas)

Revisão por Chiara Reis
Fonte: Página “Gente que partiu pra ficar – Memorial Parintins”