Agosto Dourado: Parintins comemora semana mundial da amamentação
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7 de agosto de 2018A imigração começou no final da década de 1920 na Gleba de Vila Amazônia, zona rural do município. Confira a reportagem e conheça histórias de prosperidade, conflitos, legado e abandono.
Os imigrantes japoneses contribuíram para cultura e o desenvolvimento de Parintins (município distante 369 km de Manaus). Na ilha Tupinambarana há escolas e praças com nomes dos primeiros imigrantes, uma história que começou em 1929 após a decadência da borracha.
Segundo o pesquisador da cultura Nipo-brasileira, professor Dr. Camilo Ramos, o governo do Amazonas firmou um acordo e cedeu terras aos japoneses em troca de novas opções agrícolas na região. Tsukasa Yetsuka, que era deputado federal no Japão, escolheu Vila Amazônia na zona rural do município para instalar a colônia.
Tsukasa acreditava que a região seria estratégica na hora de escoar a produção tanto para a capital amazonense quanto para Belém, capital do estado do Pará. Antes dos jovens japoneses virem para o Brasil eles passavam pela Escola Superior de Emigração, fundada por Yetsuka. Na instituição eles ficavam um ano aprendendo português, costumes brasileiros, técnicas agrícolas e construção civil.
“Na época a Vila Amazônia foi estruturada toda como cidade, inclusive com canalização em profundidade, que seria os esgotamentos de águas superficiais. O cultivo da Juta, uma fibra trazida por Ryota Oyama em 1933, foi a produção de maior sucesso e alavancou a economia da região. Na Vila tinha hospital e até centro meteorológico”, relata Ramos.
Homenagem
A época de ouro da juta é lembrada em um memorial construído em 2009 para homenagear Ryota Oyama.
“Isso é muito bom, eu me sinto muito orgulhosa pelo legado deixado pelo meu avô. Uma pena que a produção da fibra está acabando”, declara Margareth Oyama, que vive com a família na cidade de Parintins.
O líder comunitário da Vila Amazônia Widson Araujo, guarda com carinho uma foto de 1935 do local de cerimonia dos imigrantes. Do prédio na restou praticamente nada. Ele também fica triste com o abandono do cemitério japonês, onde estão enterrados 11 imigrantes, pois o local está tomado pela mata.
“Tudo se acabou devido a ação do tempo, vandalismo e falta de manutenção. Uma história rica que deveria ser mantida viva. Se hoje se conhece a Vila Amazônia internacionalmente é por meio dos japoneses, dessa cultura que veio pra cá, mas Infelizmente o governo brasileiro nunca fez nada com a cultura’’, afirma Araújo.
Conflitos
A segunda guerra mundial (1939-1945) interrompeu o caminho promissor que a Vila Amazônia seguia, porque Brasil e Japão estava em lados opostos. Iracema Hatta, neta de um imigrante, morou 15 anos no país asiático. Ela relata que apesar das perseguições que os seus antepassados sofreram para deixar a região, eles foram guerreiros e sente orgulho dos seus antepassados.
“A gente admira muito a história deles. Com inteligência e muito trabalho fizeram grande obras na Vila, e contribuíram bastante para a cultura e economia local”, declara Iracema.
Segundo Widson a perseguição aos japoneses foi uma atitude desesperadora da população local.
“Na época eles foram tirados por uma questão de receio dos próprios brasileiros, de que eles ficassem com essa área e um dia se tornassem dono do estado do Amazonas, mas na verdade o que os japoneses queriam aqui era trazer cultura , benefícios para nossa região, mas infelizmente naquele tempo a ignorância fez eles irem embora daqui’’ ressalta o líder comunitário.