Ruas esburacadas: Moradores do bairro Itaúna 2 cobram ação do poder público
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2 de março de 2018Dezenas de casas correm o risco de desmoronar no Rio Amazonas com o fenômeno da caída de terras. Moradores reivindicam do poder público a construção de muros de contenção na orla da cidade para evitar tragédias.
O deslizamento de terras está assustando moradores de Parintins (município distante 369 km de Manaus). Dezenas de famílias que tem casas erguidas em ruas próximas a orla da Ilha Tupinambarana estão em estado de alerta por causa do risco de desmoronamento. Os bairros Santa Clara e São Benedito são os mais afetados pelo fenômeno natural.
Os pontos críticos, que ameaçam ser tragados pelas águas do rio Amazonas, foram interditados pela Defesa Civil do Município. A situação se agrava ainda mais com o ciclo da cheia do rio e em decorrência do período chuvoso no Estado do Amazonas. Até mesmo o muro de arrimo da cidade, que guarda a praça do comunas, um dos locais mais frequentados por turistas, está com a estrutura comprometida.
Um trecho da rua Armando Prado, próximo a Cooperativa dos Pescadores (Coopesca), não resistiu a força da natureza. Segundo os moradores enquanto nada é feito, eles vivem no local com medo e indignação.
“Há dez anos as terras estão caindo aqui e ninguém faz algo para ajudar. Só interditar a rua não adianta. Será que vão querer tomar providência quando cair toda a rua?”, desabafa o autônomo Pedro Gomes.
Quatro casas, situadas na Armando Prado, podem cair a qualquer momento no rio. O quintal da moradora Leda Lima, foi literalmente por água a baixo, e as perspectivas não são nada boas.
“Com as chuvas a tendência é piorar. A gente pede socorro. A Defesa Civil já veio aqui, interditou, mas para onde nós iremos se o único lugar que temos está caindo aos poucos”, relata Leda.
Tragédia anunciada
Segundo o professor Camilo Ramos, que é doutor em geografia, o fenômeno de “terras caídas”, em Parintins, é consequência da forte pressão das águas do rio Amazonas sobre a orla. “A velocidade do rio Amazonas é em torno de 7 quilômetros por hora (7 km/h), e os sedimentos que ele transporta, como areia e seixo, é como se fosse uma lamina que fica escavando por baixo”, informa o cientista.
De acordo com Camilo Ramos, as casas só ainda não caíram no rio porque há rochas e uma certa vegetação na área. Ele alerta que é preciso iniciar um trabalho urgente, em conjunto, entre vários profissionais para evitar uma tragédia. “Temos que chamar engenheiros civis, geólogos e geógrafos, para estudar como se vai trabalhar nessas áreas de risco, porque a orla tem um solo altamente argiloso, que permite uma infiltração rápida de qualquer material pesado. Se não fizerem nenhuma ação imediata casas correm risco amanhecer dentro do rio”, alerta o doutor em geografia.
Ação
A Defesa Civil do Munícipio informa que a prefeitura tem um projeto para construção de muros de contenção nas áreas de risco, mas ainda não há previsão para sair do papel. Nesta semana o órgão iniciou o cadastro das famílias afetadas pela caída de terras.
“O função da defesa civil é a prevenção. Já fizemos visitas, e trouxemos as famílias afetadas ao órgão para fazer o cadastramento, sendo acompanhadas por uma assistente social. Daqui pra frente realmente temos que remover essas famílias para um local seguro”, afirma Samuel Reis, coordenador do órgão.
Sem ter para onde ir e vivendo com o perigo ao lado, os moradores das áreas comprometidas esperam que dessa vez não sejam novamente vítimas de falsas promessas.