Ruas esburacadas: Moradores do bairro Itaúna 2 cobram ação do poder público
27 de fevereiro de 2018
A produção de malva e juta, que já trouxe riqueza para os municípios do Baixo Amazonas, está amargando uma queda vertiginosa e provocando dificuldades para quem ainda depende do cultivo. Além da concorrência do mercado internacional, produtores reclamam da falta de subsídios.
Entre as décadas de 40 e 70 o cultivo das fibras era a principal fonte de renda de centenas de famílias na zona rural de Parintins (município distante 369 km de Manaus). O Agricultor José Marialva, de 72 anos, lembra bem desse tempo.
“Naquela época não era esse choro de hoje, até casa chegamos a comprar em Parintins. Agora para ganhar um dinheiro com a fibra é complicado, muito difícil mesmo”, lamenta o idoso, que trabalhou há mais de 40 anos com juta e malva na região da Gleba de Vila Amazônia.
Segundo os produtores, a falta de incentivo do Governo do Estado e a concorrência do mercado internacional fez com que a produção diminuísse consideravelmente. “Nós não temos recursos para fazer a produção crescer, falta comprador. Outros países, como a índia, produzem fibra de melhor qualidade, com tecnologia avançada e preço mais barato’, relata João Cursino, presidente da Cooperativa Mista dos Juticultores de Parintins (Coopjuta).
Queda
Atualmente somente 20 famílias de três comunidades rurais (Ilha do Bispo, Costa da Águia e Vila Bentes) cultivam juta e malva no município. Segundo dados da Coopjuta, a produção em 2017, em Parintins, foi de aproximadamente 50 toneladas, uma queda de quase 70% nos últimos 6 anos.
A queda na produção se agravou com a falta de subsídio de subvenção para os produtores de juta e malva, que não foi pago pelo governo durante três anos, no período de 2014 a 2017. O valor, que é 40 centavos por quilo produzido, deveria ser pago uma vez por ano.
“O governo não se interessa com a gente, só olha o lado dele e nós ficamos desassistidos. É por isso que a juta tá se acabando e o trabalho vai indo embora”, desabafa o agricultor José Marialva.
Esperança
Mas o período difícil pode ser amenizado. A oferta do preço de R$2,50 no quilo da juta e malva estabelecido por compradores, como a Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), está atraindo produtores nas áreas de várzea do município.
No final do mês passado, produtores das comunidades receberam a visita de uma equipe da Secretaria de Pecuária, Agricultura e Abastecimento (Sempa), do coordenador de compras da CTC, Eronilson Guimarães da Silva, que conheceram as áreas cultivadas. O produtor Jorge Martins Pinto, da Ilha do Bispo, confirmou que está animado com a oferta de preço e que vai retomar a atividade.
Na parceria com a CTC, o poder público local almeja a difusão de tecnologias, tanto pra cultivo como para o processamento na retirada da fibra que precisa avançar com a introdução de maquinário no sistema de produção.
“Outra missão é buscar variedades de semente que sejam mais resistentes e precoces no que diz respeito à produção. A CTC vai encaminhar um maquinário que será adaptado à realidade do município e já está prevista uma visita às cidades de Castanhal e Alenquer no Pará que produzem sementes em larga escala”, afirma Edy Albuquerque, titular da Sempa.